30 de agosto de 2011

O herói negro em seu labirinto

Por Profa. Dra. Lilia Schwarcz no Jornal O Estado de S. Paulo

Muitas vezes a realidade acaba por se mostrar bem mais criativa do que a própria imaginação. Se são muitos os exemplos retirados da história, arrisco aqui mais um: o caso de João Cândido Felisberto. Marinheiro de formação, filho de ex-escravos, participou da Revolta da Chibata de 1910, transformando-se em líder do movimento, quando ganhou a alcunha de Almirante Negro. A história dessa insurreição popular, até hoje pouco contada entre nós, faz parte da lógica dos vários levantes que assolaram a, assim chamada, República Velha, que nasceu prometendo a igualdade, mas acabou entregando a exclusão social. Se a princípio a República foi saudada como um movimento cidadão, e de distribuição equânime de direitos – afastado de vez o fantasma da escravidão –, já o cotidiano mostrou-se muito distinto. A Reforma do Prefeito Pereira Passos transformou o Rio de Janeiro em um cartão postal do novo Brasil moderno, mas tratou de expulsar boa parte da população pobre para os arredores da cidade: os subúrbios cariocas, cada vez mais apinhados de gente e carentes de infra-estrutura ou das benesses do progresso. Exemplo de insatisfação podem ser encontrados nas palavras de uma série de intelectuais, coetâneos, como Lima Barreto ou Euclides da Cunha – descontentes com “a República que não foi”. Termômetro aquecido são as inúmeras revoltas que estouram nesse momento, anunciando críticas de toda sorte: Canudos (1897-1900) a Revolta da Armada (1902-3), a Revolta da Vacina (1904), Contestado (1912) , e finalmente a Revolta da Chibata.

O estopim do movimento era claro e guardava uma lógica simbólica das mais perversas. No dia 16 de novembro de 1910, uma série de embarcações nacionais e estrangeiras aportam na Baía da Guanabara para saudar a posse do novo presidente da República: o marechal Hermes da Fonseca. A eleição havia sido tensa, uma vez que o militar acabara derrotando o candidato mais popular, Rui Barbosa, que representava, nesse momento, o projeto civilista. Já Hermes corporificava a volta do exército ao poder, e foi logo recebido com grandes doses de desconfiança. Assim, se em parte dos navios reinava um ambiente de congratulação, em um deles – o encouraçado Minas Gerais, o maior navio de guerra brasileiroo clima era em tudo distinto. Na madrugada daquele dia, a tripulação fora obrigada a presenciar os castigos infligidos ao marinheiro Marcelino Rodrigues Menezes -- 250 chibatadas -- e seu recolhimento à prisão, sem direito a tratamento médico. Seu delito fora ferir à navalha o cabo Valdemar Rodrigues Menezes, que o acusara de levar ao navio duas garrafas de cachaça.

A chibata é punição herdada da marinha portuguesa, mas no Brasil ganhou carga das mais pesadas. Com a introdução da escravidão em todo o território nacional, tal castigo passou a fazer parte do código punitivo e das sensibilidades locais, sendo, com frequência aplicado em locais públicos, para assim servir de humilhação, execração coletiva e exemplo geral. A escravidão acabara em maio de 1888, mas a sevícia continuava impune na Marinha, e amparada pelo corpo da lei, que arrogava a ela o poder de “quebrar o mau gênio” dos rebeldes. E foi naquele dia que, reunidos em torno das beliches de seus quartos, os marinheiros do Minas Gerais, decidiram que os maus tratos iriam acabar. O marujo João Cândido tinha então 30 anos, e se tornaria o chefe de uma revolta que lhe custaria caro, mesmo passados os tempo da República Velha, do Estado Novo, do Populismo e do Regime Militar. Morreria aos 89 anos, nos idos de 1969, guardando a pecha de “sujeito perigoso”, por mais que tentasse se esconder num insignificante anonimato de carregador nas docas da Praça XV.

Na verdade, a vida de João Cândido mais parece uma saga, a lembrar da sorte de tantos brasileiros de origem humilde e, ainda mais, estigmatizados por sua cor negra. Nascido numa propriedade rural, localizada na fronteira entre Brasil e Argentina, passa a primeira infância ao lado do pai, o qual, depois de liberto, atua como tropeiro na lida com o gado. Com 14 anos recém feitos é levado para a Marinha, onde faz carreira. Boa parte de seus colegas eram negros e pobres, como ele, e acostumados à labuta pesada e regrada. A marinha era o destino da escória; considerada uma espécie de castigo para jovens indisciplinados, que ingressavam mais cedo, e por meio dela, na disciplina militar. O fato é que com 20 anos, nosso personagem já se destaca como instrutor de aprendizes marinheiros, viaja por toda a costa brasileira, assim como empreende algumas rotas internacionais. Numa delas, em missão especial na Inglaterra, assiste à montagem e entrega do Minas Gerais: um navio de manejo difícil e sofisticado; especialmente encomendado pela marinha brasileira.

Várias são as “bagagens” que traz no retorno dessas viagens. Da Amazônia importaria uma tuberculose renitente, que se manifestaria em vários momentos da sua vida. Da Inglaterra carregaria a experiência dos movimentos sociais, dos sindicatos, e a primeira consciência da luta de classes. A Marinha, a essas alturas, e depois da Revolta da Armada, havia sido relegada ao abandono absoluto e praticamente, desde a Guerra do Paraguai que terminara em 1870, pouco se investia no reaparelhamento da frota. Por outro lado, o processo de recrutamento era feito de maneira coercitiva, sendo boa parte de seus elementos analfabetos e alistados à força pela polícia.

Assim, o cenário da revolta ia se delineando. No entanto, entre a sua realidade e a projeção que se criou em torno dela o hiato é grande. O motivo imediato foi a chibata, e o objetivo único a proibição de seu uso. O lema era curto e grosso: “Abaixo a chibata”. Eventos ganham, porém, significados e proporções inesperados, dependendo do contexto em que se estabelecem. Apesar de durante a eclosão do levante terem ocorrido raros bombardeios e poucas mortes, a repercussão foi imensa. A Revolta logo virou pretexto para a repressão generalizada e, apesar da primeira promessa de anistia, o destino dos rebelados seria diverso, e a própria cidade viveria em estado de sítio.

É em torno desse episódio dramático e de seu protagonista central que se debruçam duas oportunas publicações recentes: um livro de não ficção, resultado de pesquisa criteriosa empreendida pelo jornalista Fernando Granato; e outro de ficção, escrito por Alcy Cheuiche, autor de mais de vinte novelas, boa parte de conteúdo histórico. Granato acompanha o Almirante Negro até sua morte. Já Cheuiche escolhe terminar sua narrativa no momento em que João Antônio ganha a liberdade. A opção faz com que o leitor tenha sensações distintas ao término dos dois livros: se o romance passa a impressão de uma certa redenção e a merecida liberdade; já a história pregressa mostrou-se distinta, e a obra do jornalista revela-se avessa a qualquer happy end.

João Antônio veria muitos colegas amotinados morrerem assassinados; seria preso na Ilha das Cobras e escaparia com vida de uma cela em que dezesseis companheiros seus morreram asfixiados pelo calor e pelo efeito do cloro espalhado pelo chão; permaneceria internado no Hospital de Alienados (um verdadeiro paraíso quando comparado ao inferno da prisão); para ser libertado em 1912: tuberculoso, magro e pobre. Mesmo assim, volta ao mar, primeiro como carregador nas docas e depois atuando novamente na marinha. No entanto, sempre reconhecido, perde sistematicamente os empregos que consegue. Casa-se duas vezes, e na segunda conhece novo inferno, dessa vez domiciliar: sua mulher e filha colocam fim às suas vidas ateando fogo em suas vestes.

A despeito de tantos acidentes graves de percurso, o Almirante Negro, continuaria trabalhando na Praça XV, onde levava cestos cheios de peixe para o mercado. Distante da política, resiste a tentativas de assédio, como as que empreendem participantes do movimento integralista, já nos anos 1960. É só em 1968 que presta depoimento ao Museu da Imagem e do Som, e sua história passa a ser mais conhecida. Orgulhoso, relata os tempos gloriosos da Revolta, seus anos de penúria, as mazelas domésticas e a tuberculose que insiste em o visitar de tempos em tempos. Mas não seria ela que lhe tiraria a vida, mas sim um câncer fulminante no intestino.

No começo dos anos 1970, João Bosco e Aldir Blanc, inspirados pela vida de João Cândido escrevem “O mestre sala dos mares”; música que se tornaria célebre na voz de Elis Regina. Mas o regime tratou de censurar a primeira versão da canção, que tratava de tema vetado pelas Forças Armadas. Para driblar a proibição, entraram na letra mulatas, baleias e polacas, desavisadas, mas o refrão passou impune: “Salve, o navegante negro, que tem por monumento as pedras pisadas no cais. Mas faz tanto tempo”. E foi só recentemente, em 2008, que Lula sancionou a anistia póstuma do marinheiro, após proposta feita pela então senadora Marina Silva; datada originalmente de 2002.

São muitas as personagens de nossa história que continuam esquecidas, proibidas ou mal lembradas. O Almirante Negro, que morreu no anonimato da Praça XV e negando ser quem era, tem agora sua vida romanceada e devidamente documentada. Termino como comecei. O destino de João Cândido foi tão imaginoso, que seu relato, por si só, já vale muitos romances, tantas narrativas e mais pesquisas. Estamos só começando e “nem faz tanto tempo ...”

23 de agosto de 2011

Novo número da Pontourbe está no ar

Confiram entre outras seções, a entrevista com a Profa. Guita Grin Debert. Segue apenas um trecho (para ler na íntegra clique no link acima).

Lilian de L. Torres: Parece-me que a chave para entendermos o quadro mais geral de suas escolhas temáticas e teóricas nestes últimos 25 anos - mulheres, velhice, violência, família, gênero, distribuição de justiça, políticas públicas, corporalidade - está nas mudanças que ocorreram em sua vida acadêmica entre o mestrado e o doutorado. Você cursou ambos na ciência política da USP sob a orientação daProfa. Ruth Cardoso, trabalhando, no mestrado [1974/1977], com discurso político no período populista e, no doutorado [1982/1986], com o nacionalismo no ISEB e na ESG. Antes de iniciar o doutorado, passou cerca de um ano e meio [1977/1979] na Inglaterra, em Essex. Em 1984, foi dar aulas na UNICAMP.

A experiência na Inglaterra e suas novas atividades profissionais na UNICAMP tiveram relação com suas escolhas temáticas e teóricas posteriores?

Guita Grin Debert: A ida para a Inglaterra teve importância fundamental. Já havia definido, em certa medida, o tema da pesquisa do doutorado – o ISEB [Instituto Superior de Estudos Brasileiros], a ESG [Escola Superior de Guerra] e, sobretudo, a questão do nacionalismo – que estava muito ligado ao que estudei no mestrado. O período era o mesmo, mas no mestrado a ênfase recaiu sobre o discurso político: através da análise comparativa dos discursos de posse de líderes políticos, meu interesse era entender os diferentes significados que a palavra ‘povo’ articulava naquele contexto e quais eram os espaços abertos para a participação popular, revendo aquela idéia do populismo como um grande processo de manipulação das massas[i]. Escolhi ir para Essex, na Inglaterra, porque Ernesto Laclau estava lá e queria estudar com ele. As conclusões do meu mestrado estavam muito afinadas com os trabalhos dele sobre populismo. Laclau era amigo de Ruth Cardoso e Fernando Henrique Cardoso e, antes da defesa do meu mestrado, veio para o Brasil dar uma conferência no CEBRAP. Fiquei muito entusiasmada com suas colocações. Li os textos que ele produziu e foi muito bom ter sido aceita para iniciar meu doutorado na universidade de Essex - doutorado que depois terminei na USP.

Na Inglaterra, fiquei fascinada pelo movimento feminista, que na época ainda era pouco visível no Brasil. O movimento e as teorias feministas desafiavam vários conceitos antropológicos, por exemplo, a ideia das sociedades primitivas como sociedades igualitárias. Além de trazer um novo corpo conceitual à antropologia, o feminismo introduzia uma visão crítica muito pertinente que só se desenvolveria mais tarde, em meados dos anos 1980, com Writing Culture[ii].

Quando voltei ao Brasil, em 1979, o feminismo já não era novidade por aqui. Colocava temas relevantes do ponto de vista político e também muito instigantes como desafios teóricos. Esta foi uma mudança importante, porque dirigia um novo olhar para questões que me interessava discutir e pesquisar.

Na USP, fiz o mestrado e conclui o doutorado em ciência política, mas minha ligação era com a antropologia. Foi uma contingência relacionada com o fato de Ruth Cardoso e Eunice Durham terem ido para a ciência política. Assim como eu, José Guilherme Cantor Magnani, Teresa Pires Caldeira e outros foram para lá como orientandos destes professores.

Tínhamos um grupo do qual participavam Ruth Cardoso e outras feministas. Nossa ideia era analisar diferentes aspectos do feminismo e diferentes situações relacionadas à mulher. Deste modo, fazia meu doutorado e também estava envolvida com uma pesquisa relacionada às questões da mulher e da velhice. Nesta pesquisa, o objetivo era entender o significado da velhice para mulheres com mais de 70 anos em diferentes contextos.

Quando se pensava na velhice, a referência era a experiência masculina: a passagem do mundo público, com a aposentadoria, para o mundo privado. Outro fator que revelava o drama da velhice para os homens era a perda da vida sexual ativa. Tradicionalmente, as mulheres ficavam restritas à esfera doméstica e, como mostravam os estudos, não tinham sua sexualidade realizada. Então, qual o significado da velhice para elas? Usariam um referencial masculino para falar de sua própria experiência, mesmo sendo os homens vítimas, também, de discriminação e opressão? Esta era a pergunta mais geral que orientava minhas hipóteses iniciais que, depois, se mostraram completamente erradas.

As entrevistadas não se consideravam velhas. Para elas, o que marcava a velhice era a “dependência” e consideravam-se independentes porque podiam cuidar de si mesmas. Argumentavam que os homens ficavam velhos muito depressa porque necessitavam de uma mulher para fazer o trabalho doméstico. O trabalho doméstico - que nós feministas víamos como um dos símbolos da opressão feminina – era, para essas mulheres, a garantia e a prova de sua autonomia. Muitas consideraram viver, naquela fase, o melhor período de suas vidas porque se sentiam livres. Como disse uma delas: "A época mais feliz na vida de uma mulher é quando ela tem liberdade para fazer tudo o que quiser. Esta liberdade eu tive depois de viúva. Liberdade para fazer tudo o que eu quisesse fazer, sem medo de censura". Isto tornou o estudo muito mais interessante, fazendo-nos rever nossos próprios preconceitos sobre o significado da velhice para as mulheres[iii].

Mas, precisava terminar meu doutorado. Quando o terminei, em 1986, já existia o Conselho Nacional dos Direitos da Mulher e quem estava à frente era Jaqueline Pitangui. Ruth Cardoso, Eunice Durham e Jose Augusto Guilhon tinham criado o CEDAC (Centro de Estudos e Documentação para a Ação Comunitária). Diferentes trabalhos de antropologia estavam sendo discutidos neste espaço: Helena Maria Sant’Ana Sampaio pesquisava o programa “Cozinha comunitária”, Célia Sakurai estudava uma associação de bairro, Esther Hamburguer trabalhava com o movimento pela autonomia de Santo Amaro, Maria Filomena Gregori investigava o SOS-Mulher. Jaqueline Pitangui estava interessada em entender o que acontecia depois que a mulher fazia uma denúncia na delegacia, como se dava a continuidade da ação judicial e contratou, via CEDAC, Danielle Ardaillon e eu para fazermos uma pesquisa que depois foi transformada no livro “Quando a vítima é mulher”, publicado em 1986[iv]. Analisamos processos judiciais envolvendo estupro, espancamento e homicídio de mulheres. Foi uma encomenda do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher e o resultado foi distribuído em municípios do Brasil inteiro.

11 de agosto de 2011

Numas recomenda: Seminário Aberto do Núcleo Etnohistória





Seminário Aberto do Núcleo Etno-História
Organizado pelo Núcleo Etno-História e o departamento de Antropologia FFLCH/USP - Todas as mesas serão na sala 12.

18/08 - 10hs: Performance e a exposição do social

Grande Otelo em três tempos: uma trajetória na pista dos marcadores sociais da diferença (1917-1993)
Luis Felipe Kojima Hirano

Convenção em cena: breve reflexão sobre as convenções estética teatrais nos anos 1990 e 2000 em São Paulo
Bernardo Fonseca Machado

Jorge Amado e Edison Carneiro: os intelectuais na roda da capoeira
Maurício Acuña

Gênero e Sexualidade nas Batalhas de MC
Ricardo Indig Teperman

Debatedora: Heloisa Pontes (Unicamp)

14:30: Arte e Sociedade

Ladjane e a crítica de arte no modernismo pernambucano
Eduardo Dimitrov

Cor local e mistura: uma discussão a partir de duas telas
Tatiana Lotierzo

Do Engenho na Arte: Colecionismo e Mercado de Arte Contemporânea em Marcantônio Vilaça
Leonardo Carvalho Bertolossi

Debatedor: Sergio Miceli (USP)

19/08 – 10hs : Outras histórias; outros autores

Retrato de uma sociedade nas metáforas alimentares do “Boca do inferno”
Claude G. Papavero

Alimentação, Govermentalidade e cuidado de si: Esboço para uma crítica da razão alimentar
Gabriel Pugliese

O Dicionário das Flores e a leitura no séc. XIX
Alessandra El Far

Debatedora: Lilia Schwarcz (USP)

14hs: Pensamento social brasileiro

A luta de Paulo Freire contra o fatalismo: a educação para a ação histórica
Eduardo Dullo

Quem é o povo? A interpretação de Comício para seus leitores
Samantha Gaspar

O Rei da Vela: alegoria de uma desconstrução
Bruna Della Torre de Carvalho Lima

Roger Bastide e as representações coletivas sobre o preconceito de cor no Brasil
Maria José Campos

Debatedor: André Botelho (UFRJ)

Endereço: Av. Prof. Luciano Gualberto, 315 , Sala 12 no Prédio de Filosofia e Ciências Sociais, Cidade Universitária, Butantã, São Paulo.

1 de agosto de 2011

Numas recomenda: Colin Darch, Articles and Writings

Abaixo uma descrição do website:

Tuesday, 10 May 2011

This website now includes two categories of writings. Its main function is that of a personal repository, but from time to time I will add resources that seem to retain some historical or archival interest. The first such page (see the menu at right) is dedicated to the visit that Nelson and Winnie Mandela paid to Brazil in August 1991, when I was employed at the Centro de Estudos Afro-Asiáticos in Rio de Janeiro. It consists of some press clippings and leaflets that I collected at the time. Other materials will be added from time to time.

Thursday, 13 May 2010:

The purpose of this website is to make an archive or personal repository of my academic writings and journalism from the mid-1970s onwards freely available. These texts, in English and Portuguese, cover various African subjects, Ukrainian history [the Makhno movement, 1917-1921], Russian relations with Africa, and library and information issues [LIS or library and information science], including most recently the political economy of copyright [IP or intellectual property] and access to information [ATI, also referred to as FoI, freedom of information and RTI or right to information]. Most of the materials available here are downloadable as PDF files; one or two are in HTML format, or are available through links to other websites. If you haven't got Adobe reader available on your computer, you can get it by clicking on the Adobe logo, to the right.

Who am I? I was born and educated in England. Over the past four decades I've worked as a librarian and researcher in seven different countries in Europe, Africa and Latin America. Most of the time, I've been employed in universities and research centres - in Addis Ababa, Ethiopia (1971-1974), Dar es Salaam, Tanzania (1975-1978), Maputo, Mozambique (1979-1987), Harare, Zimbabwe (1987-1991) and Rio de Janeiro, Brazil (1991-1992). During much of this period I was also intermittently active as a radio and print journalist. I sometimes used the pseudonyms 'José Manuel das Fontes' or simply 'José Manuel' when writing about Lusophone Africa.

In 1992 I settled permanently in Cape Town, South Africa with my family and I'm now a South African citizen. I hold a postgraduate library qualification, and a doctorate in social and economic studies from the University of Bradford.

For my most recent writings, including the new book on Freedom of Information and the Developing World which I co-authored with Peter G. Underwood, please click on the "What's New" tab to the right.

At the bottom of the menu on the right is a link to MHN, or Mozambique History Net, which is a website of scanned newspaper clippings and other documentation on contemporary Mozambican history, roughly from the 1960s to the first multi-party elections in 1994. MHN is still under construction.

Thanks for visiting my website, and come back soon...