8 de junho de 2012

Universidade Federal de Sergipe, UFS convida:


Lima Barreto e os limites da "modernidade" no Brasil

Conferencista: Lilia Schwarcz (Universidade de São Paulo).
Data: Quinta-feira 14/06/2012
Horário: 9:00 - 12:00
Local: Auditório da Reitoria

Resumo:

Lima Barreto morreu no mesmo ano da Semana de 1922. Escritor negro, pertencente a uma classe média declinante, e morador da periferia de Todos os Santos, próxima do centro charmoso e elegante do Rio de Janeiro, à época Capital Federal, Lima  foi por muitos considerado uma espécie de símbolo nervoso da Primeira República. Mas justo ele, que foi assediado pelos modernistas paulistanos, que viram nele um modelo alternativo ao da literatura da ABL; que constituiu um grupo "boêmio" nucleado em torno da revista Floreal, pareceu com o tempo fechar-se,cada vez mais, para esses que eram considerados "novos tempos": modernos. Seu cenário era outro, aquele dos movimentos sociais, que tinham nas ruas e no espetáculo das multidões um ponto privilegiado
de ação, mas também aquele que viu nascer uma série de discursos raciais e deterministas. De um lado, o nascente fenômeno urbano transformou-se em teatro para as experimentações das vanguardas artísticas modernistas; de outro lado, deu guarida às novas tecnologias raciais de identificação e de condenação da mestiçagem.  No Brasil conviveram, pois, liberalismo com darwinismo racial, inclusão com exclusão social; livre arbítrio com determinismo biológico e social e tal ambivalência se fez sentir sobretudo num grupo de famílias negras que conheceram ascensão social durante o Império. Já na República, o fenômeno que se afirmou foi o da exclusão social e do rebaixamento. Diante de tanta ambiguidade e cisão, o contexto pedia negociação e agência: identificação diante dessa nova massa de libertos, mas também diferenciação. Lima Barreto conheceu de perto essa situação, sobretudo durante as duas internações de 1914 e 1918 no Hospital Nacional. Por lá, ele, que era crítico costumas das teorias raciais, perdeu sua "persona literária", não pode mais se esconder por detrás do funcionário público e viveu uma situação em que seu "corpo parecia trair suas certezas mais íntimas". Era apenas o paciente da camisa listada com o carimbo: Pandemônio.

Organização:
Programa de Pós-Graduação e Pesquisa em Antropologia 

Grupo de Pesquisa

Nome: Profa. Dra. Lilia Schwarcz
Email: nppaufs@gmail.com; ulisses38@hotmail.com
Telefone:            (079) 2105-6840      



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